Atacante do Flamengo esteve presente no tribunal; auditor pediu vista do processo, e julgamento seguirá às 15h
Bruno Henrique comemora gol em Flamengo x Santos — Foto: André Durão
O julgamento do atacante Bruno Henrique, do Flamengo, foi interrompido nesta terça-feira (11) e será retomado na próxima quinta-feira, às 15h (horário de Brasília). A sessão foi paralisada após o auditor Marco Aurélio Choy pedir vista do processo, segundo informou o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
Até o momento da interrupção, o jogador havia recebido um voto favorável. O relator Sérgio Furtado Filho defendeu a absolvição no artigo 243-A, que prevê suspensão de até 12 jogos, e sugeriu apenas a aplicação do artigo 191, com multa de R$ 100 mil, sem suspensão de partidas.
O advogado rubro-negro Michel Assef explicou a situação do atleta logo após o voto do relator. Bruno Henrique, que compareceu pessoalmente ao tribunal, continua apto a jogar graças ao efeito suspensivo concedido em setembro. O Flamengo volta a campo no sábado, contra o Sport, em jogo adiado do Brasileirão.
— No mérito, o relator entendeu de afastar a aplicação dos artigos 243 e 243A e aplicar o artigo 191, que era uma das teses subsidiárias da defesa, apesar de a defesa entender que era caso de absolvição (...). Ficou muito claro aqui que nada artificial foi praticado para favorecer alguém fora. Isso está afastado (...). Vamos aguardar agora o resultado, o voto da vista e a continuação do julgamento — afirmou o advogado.
Bruno Henrique foi denunciado por supostamente forçar um cartão amarelo em partida contra o Santos, em Brasília, no Brasileirão de 2023, com o objetivo de beneficiar apostadores. No primeiro julgamento, realizado em setembro, o jogador havia sido condenado a 12 jogos de suspensão, mas seguiu atuando sob o efeito suspensivo.
Na ocasião, o Flamengo recorreu da decisão, enquanto a Procuradoria do STJD apresentou recurso para aumentar a pena. Assim, há quatro possíveis desfechos: absolvição, redução da punição, manutenção da suspensão ou ampliação da pena.
Defesa tenta arquivamento por prescrição
Antes do mérito, o tribunal analisou um pedido de prescrição apresentado pela defesa, que pretendia o arquivamento do processo. O pleito foi rejeitado por unanimidade (9 a 0).
Os advogados de Bruno Henrique alegavam que o prazo para denúncia — de 60 dias, segundo o Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) — havia sido ultrapassado. Para a defesa, a contagem poderia começar em duas datas: no dia do jogo (1º de novembro de 2023) ou no momento em que o STJD tomou ciência do caso (2 de agosto de 2024). Já a Procuradoria sustentou que o prazo foi respeitado, pois o inquérito só foi formalmente aberto em maio de 2024, quando surgiram novos elementos trazidos pela Polícia Federal.
Julgamento do mérito
Com o pedido rejeitado, a sessão seguiu para análise do recurso principal. A Procuradoria insistiu no aumento da pena, enquanto a defesa buscou absolvição ou redução.
Segundo os advogados, o cartão recebido por Bruno Henrique foi estratégico, e não parte de qualquer tentativa de manipulação.
— O Flamengo está aqui para dizer que não foi prejudicado. (...) O cartão não ofereceu prejuízo à classificação final do campeonato. (...) Forçar cartão amarelo não é uma atitude antiética ou antidesportiva. A finalidade não era alterar o resultado da partida, mas sim ficar de fora de um jogo contra o Fortaleza para enfrentar o Palmeiras (...) — defendeu Michel Assef.
O advogado Alexandre Vitorino, que também representa o atleta, destacou trechos das mensagens trocadas entre Bruno e seu irmão, Wander Nunes Pinto Júnior, para reforçar que o jogador não participou de nenhuma ação irregular.
— Uma das mensagens divulgadas é relacionada a um terceiro cartão contra o Santos. Esse cartão não aconteceu (...). A dinâmica mostra uma atuação de Bruno que não converge com as indagações do irmão (...). Agora, se o irmão continua e aposta, isso o torna um sujeito independente. Não torna o Bruno punível.
O relator Sérgio Furtado Filho acompanhou a tese da defesa e votou pela absolvição, mantendo apenas uma multa de R$ 100 mil.
— O acervo não demonstra que Bruno Henrique tenha atuado de maneira deliberada para alterar o resultado da partida (...). Os relatórios apontam movimentações suspeitas de apostas, mas não demonstram que o atleta tenha atuado de maneira coordenada com o irmão.
Entenda o caso
A investigação teve início após a Polícia Federal apontar trocas de mensagens entre Bruno Henrique e seu irmão, que indicariam intenção de receber um cartão amarelo no duelo contra o Santos. A denúncia, formalizada em 1º de agosto de 2024, foi aceita pela Justiça do Distrito Federal, e o jogador também responde na esfera criminal, sob acusação de fraude esportiva — crime que prevê pena de dois a seis anos de prisão.
Além de Bruno Henrique, o inquérito menciona Wander Nunes Pinto Júnior, Ludymilla Araújo Lima, Poliana Ester Nunes Cardoso, Andryl Sales Nascimento dos Reis, Claudinei Vitor Mosquete Bassan e Douglas Ribeiro Pina Barcelos, apontados como participantes de apostas suspeitas.
Em julgamento anterior, o atacante havia sido condenado por ato contrário à ética desportiva, com suspensão de 12 partidas e multa de R$ 60 mil. Agora, o caso volta à pauta do STJD, que decidirá na quinta-feira o desfecho definitivo.
✦ Fonte – Jogo de Hoje 360°